segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

A equação 220-IDADE vale ou não?

A equação 220-IDADE vale ou não? Notícias do corpo - apostilas / online - Atividade Física - 25/06/2007
A não validade da equação 220-IDADE

Qualquer atividade física, se praticada de modo regular promove uma melhora significativa na saúde das pessoas assim como a qualidade de vida. Essa é uma afirmação consensual. O que se discute entretanto, é a questão da intensidade do esforço ser baseada em "qual" Freqüência Cardíaca e "qual" equação seguir. McArdle entre outros fisiologistas, preconiza que essa intensidade deva ser de no mínimo 70% da Freqüência Cardíaca Máxima. Eis a questão. Qual é essa máxima?
Durante anos a fio, entre tantas equações, a mais difundida no meio dos profissionais de saúde e principalmente os de Educação Física, é a 220-idade. Eis o problema. Sem nenhum questionamento simplesmente porque, ela é recomendada até em livros de fisiologia e alguns sites na Internet sem nenhum controle sério.
Qualquer equação pode apresentar um erro estimativo, entretanto, de 2 a 5 batimentos pode ser desprezível para ser validada. A 220-idade, segundo Tanaka, 2000 apresenta um erro de 11 batimentos para mais ou para menos e nunca foi estabelecida uma amostra com um número considerável de pessoas. Claro, se estamos usando-a na prescrição de um exercício contínuo visando, seja lá qual for o objetivo, no mínimo estaremos subestimando a capacidade do indivíduo. Pior, se ao contrário, estivermos expondo-o a um risco desnecessário.
Por ser tão difundida, e algumas citações fazerem referências a Karvonem, os profissionais Robert A. Robergs e Roberto Landwehr (este um brasileiro) resolveram pesquisar a origem dessa equação e sua validação publicando o resultado desse trabalho no Journal of Exercise Physiology na edição de maio de 2002. Segundo os autores, o Dr. Karvonem, contactado em agosto de 2000 deixou claro que nunca havia publicado qualquer pesquisa sobre a origem dessa equação e a ele não pertencia. Sugeriu procurarem pelo Dr. Astrand que por sua vez, e para mais uma surpresa, não se declarava autor de nenhum trabalho derivado dessa equação embora não a desprezasse por ter, em conversas passadas apenas comentado ser um método conveniente.
Se formos procurar na literatura, existem atualmente muitas equações, cada uma proposta por diversos autores e destinadas a grupos específicos. Uma das primeiras, segundo pesquisa feita por Mateus Betanho Campanha apresentada na sua monografia de conclusão de curso de Educação Física da Unicamp 2003, data de 1938 publicada pela revista Arbeitsphysiology por Sid Robinson que é FCM=212-(0,77xIdade). A partir dela as outras foram surgindo até chegarem, à 220-Idade. Por conseguinte, Robergs (2002), cita não ter nenhum mérito científico principalmente porque ela não foi desenvolvida a partir de um estudo geral. Mas a grande maioria a usa. Foi o que constatou Vianna (2002) citado por Campana. Em sua pesquisa com alunos do curso de pós-graduação da Faculdade de Educação Física e desportos da Universidade de Juiz de Fora (UFJF), das 19 academias consultadas, 17 faziam uso, uma a Escala Subjetiva de Esforço de Borg e outra a Freqüência Cardíaca de reserva de Karvonem.
A FC nem sempre é o melhor parâmetro até mesmo no aluno saudável pois sabemos que ela pode sofrer variações diárias em função das diversas formas de estresse vivenciado pelo aluno. Da mesma forma, a FC passa a não valer como parâmetro de esforço em caso de alunos hipertensos fazendo uso de betabloqueador. Aí, a Escala de Borg, usada por apenas uma academia na pesquisa acima, é mais fidedigna, desde que o profissional saiba interpretá-la no rosto do aluno. Essa interpretação é muito mais importante para o profissional porque nem sempre o aluno fala a verdade. Ele pode estar cansado à beça e continuar a dizer estar bem só por vaidade. Além da expressão no rosto, olhos arregalados ou cabisbaixos, lábios esbranquiçados, rosto pálido ou muito avermelhado, descoordenação motora, encurtamento da passada no caso da esteira, existem alguns "macetes" que o profissional pode usar tais como perguntas obrigando respostas mais longas.

Pelo tamanho da resposta, respiração ofegante, dificuldade ou facilidade de responder, já se tem uma idéia da intensidade do esforço. Pode ser mais fiel do que a equação 220-Idade. Quem a usa pode estar fazendo por comodismo e não por dados científicos, além de não fazer sentido a mesma equação para qualquer modalidade.

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