A Notícia - SC (edição impressa) - Saúde - 28/07/2008
Estudo da OMS estima que se fatores de risco do AVC forem controlados, haverá redução de 80% nos casos da doença
O Brasil vive hoje uma epidemia de doenças cardiovasculares. No ranking das mortes em solo nacional, o principal culpado é o acidente vascular cerebral (AVC). Em 2005, foram 90 mil vítimas. Em segundo, são as doenças isquêmicas do coração, como o infarto, com quase 85 mil mortes. Mas o problema, apesar dos números alarmantes, passa despercebido por muita gente.
É como se um vírus desconhecido brotasse de repente pegando milhares de pessoas despreparadas. Na verdade, o problema é bem conhecido e tem prevenção. Só que os brasileiros insistem em deixar os cuidados com o coração em segundo plano.
A cultura de dar pouca importância à saúde do coração e do cérebro tem ligação direta com o modo de vida das pessoas. De acordo com o neurologista Maurício Friedrich, em todo o mundo 5,5 milhões de pessoas morrem todos os anos vítimas de AVC. Quase 90% desse montante ficam em países do terceiro mundo. ´Isso mostra que o acesso a um sistema de saúde público eficiente e informações sobre a doença são eficazes´, defende o neurologista.
Friedrich cita o projeto Euroaction, com o qual colabora, que mostra que há um grande descompasso entre o conhecimento dos médicos sobre a prevenção do AVC e a implementação de práticas para evitar a epidemia. Essas ações deveriam vir de políticas públicas, mas também podem ser aplicadas por médicos e pacientes. Basta controlar os fatores de risco, que mesmo invisíveis para muita gente são as principais causas de mortes por AVC. É o caso da hipertensão, obesidade, diabetes, sedentarismo e fumo. ´Um estudo da Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, se forem controlados esses fatores, os casos de AVC vão reduzir em 80%´, salienta.
Esses fatores surgem aos poucos e apresentam raros sintomas. O sedentarismo e o fumo trazem prejuízos a longo prazo. Isso desestimula as pessoas a se tratarem, aumentando o risco de terem doenças cardiovasculares. ´Metade dos AVCs e dos infartos do miocárdio resulta em morte. Muitos dos que sobrevivem ficam com seqüelas sérias´, lembra o cardiologista Aloyzio Achutti.
Achutti concorda com Friedrich sobre a necessidade de disseminar informações. Para ele, quanto mais as pessoas conhecerem os sintomas, conseqüências e prevenção, mais terão vontade de cuidar do coração. ´Cerca de 50% das mortes causadas por doenças cardiovasculares são resultado direto da pobreza. Entre os motivos, está a falta de informação. A cultura de só se preocupar com a dor imediata´, acredita.
Para evitar que o coração fique doente, a orientação dos médicos é a velha e conhecida fórmula: alimentação saudável, rica em verduras e legumes, evitar gordura, atividade física e visitas regulares aos médicos.
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
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