O Tempo (www.otempo.com.br) - Saúde - 21/07/2008
Uma doença silenciosa ataca 4 milhões de brasileiros: a síndrome da dor crônica, mais conhecida como fibromialgia. A origem da doença é um distúrbio de neurormônios, principalmente a seratonina, o que faz com que o limiar da dor no paciente seja drasticamente reduzido.
A pessoa com fibromialgia apresenta dores generalizadas, sono superficial que não restaura o organismo e uma grande dificuldade de manter as atividades diárias. Segundo a médica fisiatra e vice-presidente da Associação Brasileira de Medicina Física e Reabilitação, Cláudia Fonseca, a fibromialgia pode chegar a ser incapacitante.
"A dor às vezes é tão intensa que a pessoa não consegue trabalhar, fazer as coisas em casa ou mesmo tomar banho. Uma menor atividade leva à dimuição do prazer e isso acaba virando um ciclo vicioso", explica. Segundo ela, o descondicionamento físico é o pior caminho para um paciente com a doença.
"O ideal é não parar de trabalhar porque em casa a dor vai continuar existindo. Isso pode, inclusive, piorar o quadro físico e emocional, porque a pessoa acaba se isolando", diz Cláudia Fonseca.
Descrédito. Tão ruim ou pior que as dores é a descrença de amigos e familiares que o paciente com fibromialgia tem de enfrentar. "As pessoas em volta não acreditam que a dor existe, acham que é um problema psicológico. Isso causa muito sofrimento", afirma a médica.
Segundo Cláudia Fonseca, o fator emocional é realmente importante na análise da síndrome, mas as dores não são uma fantasia do paciente. Na verdade, um estado emocional ruim pode desencadear as crises de fibromialgia, por isso é tão importante investir na qualidade de vida.
O tratamento para a fibromialgia nunca é feito apenas com a medicação. Como ponto chave para o controle da doença, a fisiatra aconselha uma mudança na vida cotidiana. "Existem medicamentos para aumentar os neurotransmissores, mas só medicamento não adianta. É muito importante adotar uma atividade física regular aeróbica, pode ser bicicleta ou hidroginástica. Isso eleva os níveis de serotonina e endorfina", explica Claúdia Fonseca.
Psicoterapia. Se as crises de fibromialgia são, em boa parte, desencadeadas por fatores emocionais, é importante que o paciente aprenda a lidar com o inevitável estresse da vida cotidiana. "É preciso mudar a postura no mundo, tem que aprender técnicas para viver de uma forma mais otimista e positiva. A psicoterapia pode ajudar o paciente a aprender a lidar com o estresse e a depressão", aconselha a médica.
Segundo Cláudia Fonseca, na psicoterapia o paciente pode também compreender a causa da doença e desenvolver comportamentos adequados, lidando melhor com os episódios dolorosos. Dessa forma, diminui a freqüência das crises.
Prevenção. Quanto à prevenção, Cláudia Fonseca diz que não ainda não existe nenhuma orientação nesse sentido, mas que estudos apontam para a característica genética da fibromialgia. Portanto, caso haja alguém na família com a síndrome, é importante investir na prevenção com atitudes simples como evitar a obesidade, procurar ter um bom sono e manter um convívio social amplo.
"A fibromialgia não tem cura, mas é possível ter uma qualidade de vida boa. A doença pode ser controlada e as crises evitadas por muito tempo. A pessoa pode conviver com a fibromialgia, mas não com a dor", diz a médica.
quinta-feira, 15 de janeiro de 2009
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